domingo, 17 de abril de 2011

Eu...

Continuo a mesma. Continuo com o mesmo nome, o mesmo sobrenome, RG, CPF. Continuo com o mesmo celular. Continuo com o mesmo jeito direto que assusta algumas pessoas. Continuo a mesma boba que sorri de nada. Que faz bico quando chora. Continuo com o mesmo jeito ignorante. Continuo com a mesma pressa. Continuo falando bobagens. Continuo desacreditando nos amores. Continuo quebrando a cara. Continuo brincando de ser feliz. Continuo eternizando letras. Continuo a ver São Jorge na lua cheia. Continuo com minhas insônias. Continuo com minhas defesas, medos, desesperos. Continuo vivendo muito para dentro. Continuo sem paciência para o social. Continuo com umas ondas de fodona. Continuo crítica, principalmente comigo mesma. Continuo azeda, mas muito doce quando doce. Continuo do contra e adoro discordar para pirraçar. Continuo tomando Naramig para dor de cabeça e viro a pessoa mais imbecil do mundo sob o efeito dessa droga. Continuo séria. Continuo sorriso. Continuo com o joelho direito me perturbando. Continuo viciada em Coca-cola e a achar Vodka o melhor líquido. Continuo a reclamar do calor. E se faz frio, reclamo do frio. Continuo a preferir o verão. Continuo fã de sorvetes. Continuo descaradamente aquariana. Continuo com umas coragens insanas. Continuo sendo várias, depende de quem me chama. Continuo a soletrar meu nome em todo canto. Continuo, a saber, que é meu nome que será chamado quando aparece uma trava na boca das pessoas que leem o papel. Continuo a fazer textos em qualquer lugar.  Continuo travada nos eu te amo. Continuo com o mesmo perfume. Continuo a trocar cinema por balada. Continuo a cobrir meu corpo inteiro quando durmo à noite após um filme de terror. Continuo a achar mesmo que o cobertor me protege, nessas situações. Continuo obviamente besta. E chata. Continuo observadora demais. Continuo calada quando muita gente fala ao mesmo tempo. Continuo essencialmente música eletrônica e MPB. Continuo sempre com um trident de canela na bolsa. Continuo a demorar para responder e-mails. Continuo a escrever cartas. Continuo a achar estranho unhas dos pés pintadas de vermelho. Continuo a escovar os dentes com a mão esquerda na cintura. Continuo a procurar erros de português em todos os cantos. Continuo sarcástica. Continuo péssima ouvinte. Continuo sensível demais. Continuo insensível demais. Continuo achando sábado o melhor dia da semana. Continuo acumulando leituras indicadas. Continuo a achar que ventilador forte é chuva. Continuo com inveja das pessoas que gostam de feijão. Continuo a ter gastura de pessoas cantando inglês errado. Continuo a ganhar o dia quando me dizem que emagreci. Continuo a ter medo de panela de pressão. Continuo com a dificuldade em beber água. tenho orkut, formspring, twitter, facebook. Continuo preferindo a calça jeans. Continuo a ver duplo sentido em quase tudo. Continuo a achar melancia uma fruta alegre, porque cada talhada é um sorriso. Continuo achando que preciso usar óculos. Continuo com preconceito musical. Continuo com preguiça de gente. Continuo com saudades imensas de pessoas. Continuo a não saber dar parabéns além do básico: parabéns! Continuo a me tranquilizar quando a chuva cai lá fora. Continuo na minha sozinhez. Continuo a achar que a minha escolha profissional foi perfeita. Continuo a achar que coca-cola, vodka e tequila são invenções dignas. Continuo a ficar com a cara amarela quando chupo manga. Continuo a tchutchar o pão no prato de sopa. Continuo a achar que pra caralho é uma expressão que intensifica as coisas pra caralho. Continuo a não ser mulherzinha. Continuo a ter amigas mulherzinhas. Continuo com as pernas inquietas que dançam debaixo da mesa. Continuo a ter crises de enxaqueca durante implosões. Continuo solta. Continuo achando a acústica do banheiro algo sensacional. Continuo a contar meus mais amigos nos dedos da mão direita. Continuo com doses de melancolia. Continuo a voar para dentro das pessoas quando vejo pedacinhos meus por lá. Continuo a ver um lado escondido quando o espelho me enfrenta. Continuo a chorar de repente, do avesso, florindo. E depois, planto sorrisos. Continuo a me gastar de maneiras lindas. E a contabilizar meus pedaços assim, todo dia. 

Continuo Thayara.