"Não é saudade, porque para mim a vida é dinâmica e nunca lamento o que se perdeu - mas é sem dúvida uma sensação muito clara de que a vida escorre talvez rápida demais e, a cada momento, tudo se perde."
"Você vai perguntar: mas houve o erro? Bem, não sei se a palavra exata é essa, erro. Mas estava ali, tão completamente ali, você me entende? No segundo seguinte, você ia me tocar, você ia me ter. Era tão. Tão imediato. Tão agora. Tão já. E não era. Meu Deus, não era. Foi você que errou? Foi você que não soube esperar o momento certo? O momento perfeito, tinha que ser um momento perfeito. O erro? Eu dizia, pois é, o erro. Eu penso, se o erro não foi seu, mas meu? Se o erro não foi seu, mas da coisa? Se foi eu quem não soube estar pronta? Que não captou, que não conseguiu captar essa hora exata, perfeita, de estar pronta. Porque assim como o momento deve ser perfeito, deve ser perfeita também a falta de momento, a aparente falta de momento do que se deixa acontecer. Você me entende?"
Meu coração é um traço seco. Vertical, pós-moderno, coloridíssimo de neon, gravado em fundo preto. Puro artifício, definitivo.
Meu coração é um anjo de pedra de asa quebrada.
Meu coração é um filme noir projetado num cinema de quinta categoria. A platéia joga pipoca na tela e vaia a história cheia de clichês.
Meu coração é um deserto nuclear varrido por ventos radiativos.
C.F. POR T.BRUM